Representações sociais dos enfermeiros obstetras sobre violência obstétrica em adolescentes

Abstract

O gestar na adolescência se torna ainda mais desafiador, pois é quando ocorre a transição da fase infantil para a adulta, resultando em enfrentamentos muitas vezes difíceis de lidar. Associado a todos esses fatores, pode ser marcado também por um fenômeno bastante discutido atualmente, a violência obstétrica, compreendida como uma questão de saúde pública e que possui o enfermeiro como um importante agente atuante nesse cenário, logo, é essencial que novos estudos sejam desenvolvidos sobre a temática, sobretudo envolvendo o público adolescente. Assim, o estudo tem como objetivo geral compreender as representações sociais dos enfermeiros obstetras sobre violência obstétrica em adolescentes. Estudo descritivo, exploratório, de abordagem qualitativa, subsidiado pela Teoria das Representações Sociais. A pesquisa foi realizada em Recife-PE, no período de março a maio de 2024 e a população foi composta por enfermeiros obstetras e amostra final foi de onze participantes. A coleta de dados se deu por meio da aplicação do formulário sociodemográfico, o Teste de Associação Livre de Palavras (TALP) e o roteiro de entrevista semiestruturada. Para a análise das informações sociodemográficas foi utilizado o software Excel 2018 e os demais dados foram processados pelo IRAMUTEQ, através das análises simples, prototípica e a Classificação Hierárquica Descendente. Os principais achados do estudo evidenciaram que as representações sociais dos enfermeiros sobre o tema envolvem desrespeito e vulnerabilidade, além de desinformação, negligência e trauma, como percepções mais individualizadas, endossando o quanto a violência obstétrica é consequência de uma assistência permeada de violação de direitos e o quanto a adolescência para além do fator idade, quando inserida dentro do contexto gestacional evidencia as vulnerabilidades existentes em todo o processo de pré-parto, parto e puerpério. Diante disso, se espera que o estudo contribua para a comunidade científica e para a sensibilização dos profissionais envolvidos na assistência à adolescente e torna-se imprescindível o desenvolvimento de novas pesquisas na área, mesmo com o aumento dos debates envolvendo violência obstétrica, é essencial novas discussões que tragam reflexões de aprimoramento do cuidado ao adolescente.